21º dia: Saudades do futuro
Saudade é um sentimento latente em todo mundo. Do tempo de escola, da
infância, de ex-amores, lugares, da cidade natal, de pessoas que passaram em
nossas vidas. Tem saudades de quê? Logo vêm mil e uma coisas, pessoas e
momentos que parecem ainda estar vivos na memória. Foi tão bom assim? E hoje, o
que deixaria saudades? Consegue imaginar algo de que possa sentir saudades no
futuro? Respostas não faltam. O fato é que quase sempre depois da saudade vem
um lamento. Isso mantém velhas lembranças no topo das paradas do ranking do coração. Esse Top Five
precisa ser renovado.
De fato a maior incidência de lembranças são relacionadas a perdas. É
uma paixão inesquecível, momentos agradáveis vividos em determinada época da
vida, pessoas que foram para outro plano os quais tínhamos relacionamentos
intensos. Essas lembranças são mais ou menos recorrentes dependendo do quão
importante significado estas situações ou pessoas tem.
Há uma linha bem suave que divide a saudade e a nostalgia. A saudade é
mais suspirante, pautada, em geral, na gratidão. Na nostalgia a coisa já não é
tão amena. Um estado melancólico conduz esse sentimento. Como por exemplo,
alguém que foi exilado e nunca mais voltou à sua origem. As duas sensações são
tão fortes que sempre alimentam as lembranças de forma que perdurem por muito
tempo, ou até sejam as protagonistas de nossas recordações. Não que isso não
seja justo. Mas e o espaço para o novo? Reclamamos sempre de que a memória está
ruim, que estamos ficando velhos. Aquela velha brincadeira tosca de que o
problema é “veiêra”. Pessoas beirando a adolescência dizendo que estão ficando
velhas.
Quem não conhece aquela pessoa que teve ou ainda tem um amor platônico
por alguém? Ou que mantém velhos hábitos para ficar lembrando e relembrando um
período passado. Guardam fotos que já estão amareladas de tão sufocadas em
pastas e gavetas solitárias. Há, também, aqueles que contam a mesma história
duas mil seiscentos e trinta e quatro vezes. É quase um culto ao passado.
Existe também certo conforto em visitar sempre os mesmos lugares para ter as
mesmas lembranças. Existe um ciclo que precisa ser seguido, aliás, ele nunca
para: passado – presente – futuro. É tão simples e ainda assim o complicamos na
tentativa de salvaguardar o que se foi. Retrospectivas nem na tv do plim-plim
passam mais de uma vez por ano.
Tá mais e aí, o que fazer para retirar o mofo sensorial? Em resumo, é
como ganhar um presente. Chamo de A Teoria
do Papel de Presente. Nunca guarde o papel rasgado. Quando você ganha um
presente, costuma guardar o papel? Tenta, inclusive, abrir com o máximo cuidado
para que possa aproveitá-lo mais tarde? Quando vem com um laço, desfaz ou
guarda a fita? Pense nisso. Rasgue o papel o mais depressa possível e descubra
logo o que a vida está lhe dando. O que vida, a pessoa, o mundo está te
oferecendo. Eles estão te oferecendo o NOVO. E assim que receber desate.
Desamarre. Guarde o momento e dê um fim no papel que ora encobria o novo, o
inesperado. Feito, comprado e criado especialmente para você. Não gostou do
presente? Ainda tem a possibilidade de trocar, sem ressentimentos. Crie agora novas lembranças!
rica
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