21º dia: Saudades do futuro

sexta-feira, agosto 30, 2013 Rica Matsu 0 Comentarios



Saudade é um sentimento latente em todo mundo. Do tempo de escola, da infância, de ex-amores, lugares, da cidade natal, de pessoas que passaram em nossas vidas. Tem saudades de quê? Logo vêm mil e uma coisas, pessoas e momentos que parecem ainda estar vivos na memória. Foi tão bom assim? E hoje, o que deixaria saudades? Consegue imaginar algo de que possa sentir saudades no futuro? Respostas não faltam. O fato é que quase sempre depois da saudade vem um lamento. Isso mantém velhas lembranças no topo das paradas do ranking do coração. Esse Top Five precisa ser renovado.

De fato a maior incidência de lembranças são relacionadas a perdas. É uma paixão inesquecível, momentos agradáveis vividos em determinada época da vida, pessoas que foram para outro plano os quais tínhamos relacionamentos intensos. Essas lembranças são mais ou menos recorrentes dependendo do quão importante significado estas situações ou pessoas tem.

Há uma linha bem suave que divide a saudade e a nostalgia. A saudade é mais suspirante, pautada, em geral, na gratidão. Na nostalgia a coisa já não é tão amena. Um estado melancólico conduz esse sentimento. Como por exemplo, alguém que foi exilado e nunca mais voltou à sua origem. As duas sensações são tão fortes que sempre alimentam as lembranças de forma que perdurem por muito tempo, ou até sejam as protagonistas de nossas recordações. Não que isso não seja justo. Mas e o espaço para o novo? Reclamamos sempre de que a memória está ruim, que estamos ficando velhos. Aquela velha brincadeira tosca de que o problema é “veiêra”. Pessoas beirando a adolescência dizendo que estão ficando velhas.

Quem não conhece aquela pessoa que teve ou ainda tem um amor platônico por alguém? Ou que mantém velhos hábitos para ficar lembrando e relembrando um período passado. Guardam fotos que já estão amareladas de tão sufocadas em pastas e gavetas solitárias. Há, também, aqueles que contam a mesma história duas mil seiscentos e trinta e quatro vezes. É quase um culto ao passado. Existe também certo conforto em visitar sempre os mesmos lugares para ter as mesmas lembranças. Existe um ciclo que precisa ser seguido, aliás, ele nunca para: passado – presente – futuro. É tão simples e ainda assim o complicamos na tentativa de salvaguardar o que se foi. Retrospectivas nem na tv do plim-plim passam mais de uma vez por ano.

Tá mais e aí, o que fazer para retirar o mofo sensorial? Em resumo, é como ganhar um presente. Chamo de A Teoria do Papel de Presente. Nunca guarde o papel rasgado. Quando você ganha um presente, costuma guardar o papel? Tenta, inclusive, abrir com o máximo cuidado para que possa aproveitá-lo mais tarde? Quando vem com um laço, desfaz ou guarda a fita? Pense nisso. Rasgue o papel o mais depressa possível e descubra logo o que a vida está lhe dando. O que vida, a pessoa, o mundo está te oferecendo. Eles estão te oferecendo o NOVO. E assim que receber desate. Desamarre. Guarde o momento e dê um fim no papel que ora encobria o novo, o inesperado. Feito, comprado e criado especialmente para você. Não gostou do presente? Ainda tem a possibilidade de trocar, sem ressentimentos. Crie agora novas lembranças!

rica

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